A cidade de Campinas tem semana de conscientização sobre escoliose idiopática do adolescente
Desvio de coluna progressivo e sem causa aparente que pode levar até a uma intervenção cirúrgica e possível perda de mobilidade, a escoliose idiopática adolescente atinge milhões de pessoas no Brasil e no mundo. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, ela incide sobre 2 a 4% da população do planeta – o que significa mais de 6 milhões de brasileiros, em especial adolescentes do sexo feminino – e pode ser controlada se identificada antes que as curvas atinjam graus mais significativos, porém a maioria das pessoas desconhece o problema. Para chamar atenção sobre o fato, diversas ações serão realizadas de 25 a 30 de junho na cidade de Campinas, que de maneira pioneira – por iniciativa da Câmara Municipal – inseriu em seu calendário no ano passado a Semana Municipal da Conscientização sobre a Escoliose.
Com o objetivo de chamar a atenção das pessoas para a questão, o vereador Rafa Zimbaldi (PSB) elaborou a lei que criou a Semana Municipal da Conscientização (15.488/2017) – realizada sempre na última semana de junho, uma vez que no último sábado deste mês é realizado mundialmente o Dia Internacional da Conscientização sobre Escoliose. E, para marcar a semana, a partir do dia 25 tanto o prédio do Legislativo quanto o da Prefeitura, a Torre do Castelo, e os reservatórios da Sanasa no Alto Taquaral e São Vicente serão iluminados de verde, cor usada internacionalmente nas campanhas de alerta sobre o desvio.
“Quando aprovamos a lei, sancionada pelo prefeito no ano passado, previmos que tanto o Poder Executivo como o Legislativo envidariam esforços no sentido de desenvolver ações relacionadas à conscientização e infelizmente no ano passado não houve tempo hábil para promover esta ação simples, mas chamativa. Neste ano, porém, conseguimos e a ideia é repetir todos os anos, como ocorre em campanhas como o Outubro Rosa e o Novembro Azul”, diz Rafa Zimbaldi.
O presidente da Câmara conta ainda que a Casa promoverá no dia 28 de junho, das 8h30 às 10 horas, uma palestra no Plenário com o fisioterapeuta Rodrigo Andrade, especializado em exercícios específicos para escoliose, na qual ele explanará sobre o desvio. A palestra será aberta ao público e transmitida ao vivo pela TV Câmara Campinas – canal digital 39.3, canal 4 da NET e 9 da Vivo Fibra.
“Informar as pessoas sobre a escoliose idiopática adolescente é extremamente importante porque ela aparece por volta dos onze, doze anos e muitas vezes passa despercebida pelos pais e pela criança. Para se detectar o problema, muitas vezes um simples exame visual – com a criança ficando de pé (de sunga ou biquíni) e dobrando o corpo para frente como se fosse tocar os pés – já é suficiente para enxergar o desvio na coluna, cuja tendência é piorar na fase de crescimento se não houver tratamento”, alerta
Além destas açõos, o Instituto Escoliose Brasil (www.escoliosebrasil.com.br), fundado pelo palestrante, criou uma campanha que está sendo divulgada nas redes sociais e também terá veiculação no canal, na qual médicos, fisioterapeutas, pessoas com escoliose e famosos de diversas áreas falam sobre o problema e dão o alerta.
Entre os participantes da campanha estão o ator global Anderson di Rizzi (o Juvenal da novela O Outro Lado do Paraíso), o ex-nadador medalhista olímpico Fernando “Xuxa” Scherer, os jogadores bugrinos Fumagalli e Bruno Brígido e os pontepretanos Ivan e Danilo Barcelos, a armadora Babi (campeã brasileira pelo Basquete Vera Cruz Campinas em 2018) , o piloto de Stock Car Max Wilson, a modelo Karina Martins e a cantora Mari (da Banda Babado Novo), bem como a faixa roxa de jiu jitsu Tati Uemura – que tem 50 graus de escoliose e optou por conter o desvio com exercícios – e a jovem Jenifer, que teve que fazer a cirurgia e criou o blog Menina de Titânio para relatar sua experiência.
O que é a escoliose?
Escoliose é um termo descritivo para um desvio tridimensional da coluna. Em mais de 80% dos casos, uma causa específica não é conhecida. Esses casos são chamados de “idiopática”, que significa “de causa indeterminada”. Ela é particularmente comum em meninas adolescentes. Os principais fatores da fisiopatologia da escoliose idiopática são: déficit do controle da postura corporal pelo sistema nervoso central, alteração do esquema corporal, interações anômalas entre hormônios envolvidos no processo do crescimento (melatonina), determinados defeitos genéticos da membrana celular associados às anormalidades do colágeno e dos músculos esqueléticos e distúrbios biomecânicos da coluna como estímulos e sobrecargas assimétricas.
A escoliose é confirmada por meio de radiografia, que identifica o número de curvas e a gradação delas naquele momento – as curvas são progressivas, ou seja, aumentam se não forem contidas. Dependendo do grau da escoliose é indicado um tipo de tratamento, seja ele composto somente por exercícios específicos para escoliose; exercícios associados ao uso de colete ortopédico ou, nos casos mais severos, o tratamento cirúrgico.