O que observar na postura do meu filho, para saber se ele têm ou não escoliose?

Um importante achado clínico foi encontrado na pesquisa realizada pelo nosso grupo de pesquisadores do Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), e publicado este mês em uma importante revista internacional da área (Journal of Manipulative and Physiological Therapeutics), durante a avaliação de adolescentes de 10 a 14 anos de escolas do escolas públicas nas cidades de interior do estado de São Paulo (nas cidades de Amparo, Pedreira e Mogi Mirim), entre os anos de 2012 e 2015.

O objetivo deste estudo foi descrever os padrões de postura de adolescentes diagnosticados com escoliose idiopática adolescente (EIA) em programa de rastreamento escolar para escoliose.

Os participantes do estudo foram compostos por adolescentes de ambos os sexos com idades de 10 a 14 que estavam participando de um em programa de rastreamento escolar para escoliose, como descrito no documento de consenso SOSORT.

Para a realização do estudo foram avaliados 2562 adolescentes, sendo 1072 meninos e 1490 meninas.

Primeiro, os adolescentes foram avaliados usando um Escoliometro, em um teste de Adams.

Aqueles adolescentes com medidas positivas no escoliometro (ART ≥ 7°), foram examinados por meio da radiografia e foram fotografados para a avaliação da postura corporal utilizando a fotogrametria bidimensional (software de computador para avaliação postural – SAPO). Foram avaliados 37 adolescentes diagnosticados com escoliose (grupo de escoliose), com ângulo de Cobb ≥ 10° por meio da radiografia e 76 adolescentes com diagnóstico falso positivo (grupo falso positivo), com ângulo de Cobb <10°, e ângulo de rotação do tronco ≥ 7° por meio de Escoliometro. O critério de exclusão foi uma discrepância do comprimento da perna ≥1,5 cm, ou qualquer problema que interfira com a capacidade de realizar um teste Adams adequadamente.

Nos resultados, pode-se observar que o Grupo Escoliose (2,7 ± 1,9°) apresentou maior desvio dos ombros, quando comparado aos adolescentes Sem Escoliose (1,9 ± 1,4 °) (P = 0,010), e este desvio foi associado à escoliose (odds ratio [IC 95%] P = 1,4 [1,1 -1,8] 0,011).

Também pode-se observar no Grupo Escoliose assimetrias entre o ângulo frontal do membro inferior direito e esquerdo, o alinhamento sagital do ombro e o ângulo do joelho.

E quando comparado os adolescentes com Escoliose com curva dupla ou em “S” (3 ± 1,7 °) apresentou um maior valor do alinhamento vertical da coluna do que o grupo de adolescentes com Escoliose com curva simples ou em “C” (1.9 ± 1 °; P = .032).

Desta maneira, o estudo concluiu que os adolescentes diagnosticados com Escoliose em um em programa de rastreamento escolar, apresentaram maior assimetria no ombro entre os lados direito e esquerdo. Esta assimetria do ombro foi o único desvio postural associado ao Escoliose Idiopática do Adolescente.

Por tanto, se perceber uma diferença importante da altura dos ombros, procure um especialista para uma avaliação mais detalhada, tanto clínica quanto radiográfica.

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