Descobri que tenho escoliose. O que devo fazer?

Escoliose Idiopática do Adolescente

A escoliose idiopática é uma deformidade tridimensional da coluna caracterizada pela inclinação lateral e rotação axial das vértebras, com angulações maiores que 10 graus (Método de Cobb), e pela redução das curvaturas da coluna no plano sagital.

A escoliose idiopática do adolescente diagnosticada nos testes em colégios (Nossa equipe de pesquisadores fez uma pesquisa de Rastreamento da Escoliose nas escolas do interior do estado de São Paulo pela USP), tem proporções de 1:1 em relação ao sexo, ou seja entre os adolescentes, a escoliose afeta meninos e meninas na mesma proporção, se levarmos em consideração curvas menores que 10 graus. Entretanto, a medida que a gravidade da escoliose aumenta, a proporção de meninas acometidas em relação a meninos também aumenta. Porém com o aumento do tamanho das curvas há uma predominância acentuada em meninas, que em geral tem curvatura torácica para esquerda.  Sua etiologia também é multifatorial, porém há um fator genético familiar preponderante, por exemplo: Se ambos os pais tiverem escoliose a chance de seu filho ter escoliose que demande algum tipo de tratamento é 50 vezes maior que a população normal.

O crescimento é outro fator importante na escoliose. As curvas tendem a progredir rapidamente durante o estirão de crescimento. O ano crucial para as meninas é o ano antes da menarca. Devido à aceleração do crescimento e as alterações viscoelásticas que ocorrem nos discos, a coluna torna-se mais instável, o que provavelmente faz com que haja progressão das curvas.
Cinco em cada 1000 pessoas têm curvas maiores que 20 graus. Uma em cada 1000 pessoas tem curva maior que 40 graus.
Se uma menina não teve sua primeira menstruação (ou menarca), existe uma chance de 50% de que a escoliose irá progredir. Se ela já teve a menarca, a chance de que a escoliose progrida é de 20%.
O início dos ciclos menstruais indica que a jovem já encerrou seu estirão de crescimento e que a fase de deformação rápida da escoliose está no fim. No sexo masculino, este período corresponde à mudança no timbre da voz e ao aparecimento de pelos pubianos. O final do crescimento ocorre entre os 16 e 17 anos nas mulheres e entre os 17 e 18 anos nos homens.
Nas escolioses infantil e juvenil se a curva começa a progredir em geral esta progressão continua, porém na escoliose do adolescente isto não é necessariamente verdade. Como então identificar quais os casos que irão progredir? Alguns fatores ajudam nesta identificação:
1- Sexo: a progressão é mais comum em meninas
2- Idade: aumento da progressão no início da adolescência
3- Menarca: a progressão é menos comum após a menarca
4- Sinal de Risser: O sinal de Risser corresponde à ossificação da apófise do osso ilíaco, pode ser identificado em um Rx AP do quadril e é classificada em 5 tipos tendo correlação com a maturidade esquelética do paciente. A cartilagem apofisária se ossifica de anterior para posterior e Risser dividiu este trajeto em quatro partes, sendo que cada quarto corresponde a um tipo na classificação de Risser. O tipo 5 corresponde à fusão da capa ossificada ao osso ilíaco. O tipo 4 e 5 de Risser indicam maturidade esquelética. Há uma diminuição da progressão da curva com o aumento do Risser. Saiba mais.
Existem outros marcadores clínicos e radiológicos de maturidade esquelética. Clinicamente pode-se avaliar: os graus de maturidade sexual de Tanner e radiograficamente pode-se avaliar: o fechamento da cartilagem trirradiada do quadril e a fusão do anel de ossificação vertebral ambos sendo sinais de maturidade esquelética.
5- Padrão da curva: Curvas duplas progridem mais que curvas simples. A curva com menor incidência de progressão é a curva lombar simples. As curvas com maiores incidências de progressão são as curvas duplas torácica e a simples torácica à esquerda (padrão incomum).
6- Magnitude da curva: Quanto maior a curva maior sua progressão.

História Natural

Progressão da Curva

 As curvas podem progredir mesmo após a maturidade esquelética. Os dois melhores estudos a respeito são de Ponseti e de Weinstein. Nestes estudos curvas abaixo de 30 graus não mostraram progressão na vida adulta. No entanto curvas acima de 50 graus, particularmente as curvas torácicas e o componente lombar das curvas duplas maiores e toracolombares tendem a progredir.

Dor

A incidência média de dor em pacientes com escoliose na vida adulta é a mesma achada na população normal. Porém pacientes com curvas lombares e toracolombares, especialmente com componente rotatório no final da curva lombar, têm uma incidência maior de dor quando comparados com os pacientes com outras curvas10.

Função Pulmonar

A função pulmonar é reduzida nas curvas torácicas, com correlação direta entre a diminuição da capacidade vital destes pacientes e o aumento da curva. Estudos mostram aumento da mortalidade em pacientes acima de 40 anos com curvas torácicas, especialmente de cor pulmonal. Outros estudos demonstram que em curvaturas de 40 a 100 graus a taxa de mortalidade é a mesma da população normal, porém em pacientes com curvaturas acima de 100 graus a mortalidade é dobrada.

Efeitos socioeconômicos

Alguns estudos demonstram aumento significativo de desemprego, baixa auto-estima, diminuição da taxa de casamentos e aumento da taxa de benefícios em pacientes com escoliose.

Tratamentos da escoliose

De acordo com SOSORT 2015, que é o encontro dos maiores pesquisadores do tratamento da Escoliose que acontece anualmente, foi definido os seguintes tratamentos de acordo com o magnitude (tamanho) da curvatura da escoliose.

Observação

Esta é para as curvas que têm um grau pequeno da curvatura (0 à 10 graus), quando está em fase de crescimento (escoliose do adolescente), ou para as curvaturas de tamanhos moderados (menores de 40-45 graus). Para os adultos, observação e fisioterapia são importantes para aqueles pacientes que têm sintomas leves e têm curvaturas que não são grandes.

Curvaturas de 0 à 10 graus na radiografia (ângulo de Cobb) ou menores do que 7 graus no Escoliometro durante o teste de Adams: Esta curvatura não é denominada escoliose, e sim, desvio lateral da coluna vertebral, pois não existe o processo rotacional das vértebras. Existe a necessidade do acompanhamento, porém não necessita do tratamento fisioterápico.

 Órtese / Coletes Ortopédicos

25 e 45 graus: O uso dos coletes ortopédicos é a fase de crescimento de crianças e adolescentes, para prevenir a progressão da curvatura, enquanto o crescimento da coluna vertebral permanece. O Tratamento fisioterapêutico é de fundamental importância para a preparação e para orientações para o uso do colete ortopédico.

Tratamento cirúrgico

Maiores de 45-50 graus: Este tratamento é realizado para curvas superiores acima de 45-50 graus, em pacientes adolescentes e adultos. A cirurgia pode ser executada como a última forma de tratamento, principalmente se a curvatura gera muito incômodo ao paciente, ou se os sintomas associados a escoliose, impossibilitam suas atividades de vida diária. Os objetivos do tratamento cirúrgico são a obtenção de correção da curva e para evitar a progressão da curva. Isto é geralmente conseguido por colocação de implantes de metal sobre a coluna vertebral, que são então ligados a hastes que corrigem a curvatura da coluna e segurá-la na posição corrigidos até fusão da coluna vertebral.

No Brasil, O Prof. Ms. Rodrigo Andrade é um dos pioneiros na América Latina com a FORMAÇÃO MASTER ISICO (Istituto Scientifico Italiano Colonna Vertebrale) – Método SEAS – Exercícios Científicos no Tratamento da Escoliose. É docente do Curso de Fisioterapia da PUC-SP, e seu doutorado na USP é um estudo clínico randomizado comparando dois métodos no tratamento da Escoliose Idiopática do Adolescente.

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